segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Boas Festas!


Boas Festas Solidariedade



【LIVE 2002】 川井郁子 - Last Tango In Paris


O eterno ciclo dos oprimidos e dos opressores
O engodo milagreiro da luz contra as trevas
Inexistem raças superiores ou inferiores
Nada os detém a igualar-se ao todo involuído

Batalhas contínuas de um destruindo o outro
Criando uma outra antagônica natureza
Para que uns sejam ricos cria-se a pobreza
Numa balança humanamente irreconciliável

A globalização pariu do útero rachada
Conflitante para o contínuo jogo desleal
No velho receituário dos capitalistas x comunistas
Sem medicação capaz de socializar a felicidade

Nos forjamos unidimencionais em belas ou feras
Num caminho convergente para o bem ou mal
Somos pares antitéticos que nos rotulam
Destruindo um ao outro no mundo que nos devora

Dos pseudo benevolentes a repulsiva caridade
A humilhação para os pobres e os desiguais
A humanidade não necessita de desigualdade
Há que ter acima do humano a solidariedade

domingo, 23 de dezembro de 2012

O dia em que o mundo acabou



Paco de Lucia & Al di Meola & John Maclaughlin - Manhã de Carnaval


A noite persegue suspeita intranquila
Albergues transbordando aos poucos
Alguns acabrunhados com a fila
Outros, nas calçadas, clamando roucos

O mundo de arredondadas pessoas rodava
No olhar indiferente nas mesas decoradas
O vazio inane da fome não reclamava
A outra metade lastimava o sabor da comida

A alegria ainda em trégua comemorava
Nos segundos calados das armas o alívio
No bloqueio das barreiras a dor se angustiava
As nações engolfando os reles sobreviventes

As torres religiosas acusavam aos céus  
Numa oração concêntrica e enigmática
A paz está contigo, mas não está conosco
Secando os olhos mundanos nos mausoléus

No contra-senso de corpos deitados ao chão
Das heresias, blasfêmias, disparates e abusos
No paraíso as crianças crivadas de balas brincarão
Na cruz com as mãos pregadas por estilhaços

Sob o capuz as coroas cavadas de mais poder
Não há duelos de paz entre os nobres purificados
Dogmas indecentes de chagas e carnifazer
Comovem-se na auto-sangria dos abcessos

Ostentam as jóias raras da indulgência
No eterno espelhar dos semelhantes
Perpetuando  a exiguidade sem clemência
Esquecemos na cordura de ser nós mesmos

Criação de heróis, mitos, deuses e símbolos
Inventando armas sobre os porões de pólvora
Blindamos o corpo contra o ser humano
Criamos a eterna ira insaciável dos frívolos

Inventamos heróis como criamos a fome
Recompensar com troféus e a infinita justiça
Manipulamos para a desigualdade social
Soberanos adornos de animais no cognome

Num suspiro em 3 segundos uma vida se esvai
Desdenhando o jejum involuntário da pobreza
Subornando com o indulto para os pecadores
Viver o rico que não dá esmolas à avareza

Peregrinação causal de todos os sulforetos
Na fé cega da escura cruzada contra o terror
Reflorestando o cerne do imaginário
Colorindo oceanos com plenos dejetos

As mãos guardam sementes da sobrevivência
Guerras santas insistem lutando por territórios
Armas criando as guerras silenciosas pela água
Mentes adormecidas inaptas de coexistência

Extinguiu-se a simbologia maniqueísta
Findou-se o bem, findou-se o mal
Somente o medo em recriar do antropoteísta
Aos desavisados. O mundo acabou há tempos!

sábado, 8 de dezembro de 2012

O abraço ausente


川井郁子 Ikuko Kawai ヴォカリーズ Vocalise[嵐が丘.Live.Concert.Tour.2005]


De repente distraiu-se a lucidez
Os braços envolveram as tuas costas
Na pele dos ombros os lábios roçaram
Pelo pescoço afagaram sorrateiros

Entregando-se no perfume dos cabelos
Deslizando as mãos se aleitaram
Intencionadas na maciez dos seios
Buscaram nutrir na clareza do instinto  

Tuas pálpebras rendidas à escuridão  
No profundo poço dos teus desejos
Deslocou-se o movimento do ar
Na tua respiração descompassada

O arrepio percorreu o teu corpo
No coração um incontrolável batimento
Na insaciável sede de se somar
Dois corpos para se tornarem n'um

Saciando na água cristalina e fresca
Abrandar a secura mais louca e intensa
No tempo explícito o obsceno cortejo
Transbordando-a incontida no amar afoita

Derramar-se aos braços da entrega
Render-se ao mais infinito abandono
Puramente, com a mente, inteiramente
Confiante na queda livre das sensações

De repente, no quebrantar do condão
Abandonas o feitiço cessando a luz
Fragmentas os sonhos c'o a tez abatida
Despertando-se nos braços ausentes

Sei que sabes o quanto despertas
A tua realidade reclama, te clama
Não tenhas remorso se morro
Sabes que ambos morremos no sonho

E no insistente alento de esperança
Nem tudo é como o coração deseja
Mas, indubitavelmente, o amor será
O amor será como ele quer que seja


Mãos da terra


川井郁子 Ikuko Kawai - Cobalt Moon


Moldas a terra em curvas
Semeia as minhas vontades
Alimentas as minhas raízes
Sustenta-me de seiva e fortalece

Ensina-me a dobrar nas ventanias
Se reconhece na minha natureza
Da terra sou feito a cada grão de argila
Sou a terra que se transforma e humaniza

Mãos da terra se cavam
Cavam mãos que se "argilizam"
Na terra que me molda
Na terra que me fertiliza

Nela vivo e estou habitante
Sou de cada poro o sal da terra
Terra, materna natureza de tudo
D'onde germino e tudo germina

Recebes em seu colo materno
Cobres em meu leito de morte
Sois cova da reles nobreza humana
És onde finaliza o ciclo e termina

O ciclo perfeito do fim
Do principio de todos nós
A brevidade que a vida sopra
A vida num sopro de terra

D'onde me deito em repouso
Por vastos campos floridos
Paisagens infindas de milharal
Dos imensos castelos efêmeros

Minha impermanência perfeita
O tempo passa, passa menos tu
Na argila moldo o teu corpo de mulher
Acolhe-me, cobrindo-nos de terra

A palavra é você


川井郁子 -Ikuko Kawai - Adagio-Margarita Concerto


Palavra de você
Você derivada no tempo
Perdendo as sílabas
Sem abrir mão da essência
Antônima do meu eu

Que tardo no frio como um agasalho
Indigestando-me das palavras
Que na ânsia de você suprimi
Por você redimi meus versos
Para torná-los ao teu tamanho

Palavra de você
Que não mudarias teu amor temporal
Mudando de vestes no mesmo verbete
Na minha língua que te fala

Na boca breve que te balbucia
Você que te reduzo ao termo
Teimo em não te esquecer
Por amor me reduzo como você