sábado, 2 de julho de 2016

Nas mil folhas do meu imaginário

Lisa Ekdahl - Blame it on my youth [Jamie Cullum]
LISA EKDAHL
look to your own heart
~,~,~

Arte e solidão 
New York Movie, 1939 by Edward Hopper
A solidão é um tema forte na sua vasta obra. 
http://www.edwardhopper.net/newyork-movie.jsp#prettyPhoto
http://www.edwardhopper.net/
~.~.~

nas mil folhas do meu imaginário

diga-me qualquer coisa
o meu querer é a tua voz rouca        
a que te desperto no meu invento        
nos sussurros que te faz indecifrável

sejas, ainda que eu não saiba, o meu mistério
apenas para que eu saiba 
para que eu ainda saiba
o quanto ainda tu me queres 

possa ouvir no teu leve respirar
o silêncio que revela no meu olhar 
onde no teu corpo em que invento
tudo em tua volta se adormece

faça nascer o teu corpo secreto
porque nele tudo me renasce
nas tuas sonolentas carícias
como te furtasse, eu me entrego

sorrateiramente te construo
na liberdade dos lábios amantes
o instante no meu coração ainda pulsa
na tua primeira nudez em meu peito 

e com o desejo inquieto
procuro na distância do teu repouso
percorro os beijos mudos sobre a tua pele
e estremeço ao te esculpir com as mãos

ah! minha desamparada alma
se embriaga no teu voo da pluma
no sabor que alimenta o meu desejo
nos lábios em que te doas embebida

não quero a morte, não quero nada
somente respirar-te à exaustão
encontrar-me nos lábios do teu ventre
e ser tudo que te leve ao breve instante

sou de tudo nos limites do teu corpo
no entrelaçar teus dedos em meus cabelos
no comprimir meu beijo entre tuas ancas
tu és o que me faz renascer das cinzas

por isso te toco e me faço súbito
no impossível esquecer o teu ardor
gravastes na memória o teu gozo
no infinito sopro do meu tempo

por isso te conspiro e me exausto
nos teus gestos que me embriagam
eu te escuto no ar que se desprende
na última gota que recolhes no suspiro

em mim desvendas os segredos da tua carne
sou o humilde desejo que beija os teus pés
és, em teu corpo, quem me recebe por inteiro 
pouso em teu peito o nascer como quem ama 

e colorimos no céu o sentido das cores
nasce em ti o poente entre os teus seios
para que eu seja o teu desejo de noite   
quando se molhas na transparência da água

sei do agora porque te criei em tantas palavras 
não era simplesmente por uma noite de insônia
eram as lágrimas que vertiam do teu olhar   
reveladas pela tua face no instante do gozo

elas ainda molham as mil folhas do meu imaginário
as mil folhas do meu imaginário
~.~.~

No sonho da poesia


Boyce Avenue - A Thousand Years (Legendado-Tradução) [OFFICIAL VIDEO]

Boyce Avenue BR
http://www.boyceavenue.com/
~,~,~
Automat, 1927 by Edward Hopper
 A solidão é um tema forte na sua vasta obra.
http://www.edwardhopper.net/
~,~,~

No sonho da poesia 

Não peças ao teu corpo que me olhes
Nem em tuas curvas irei perder-me
No arrepio da tua pele perseguir os lábios  
Não irás em teus seios tornar-me amante

Não aos momentos sublimes do teu suor 
Nem verei a transparência de tuas vestes
Nem a cegueira terei nos teus penhascos 
Em queda profunda nos teus desejos

Minha delicadeza não tocará teu rosto
No macio da pele o tato se negará  
Os dedos resistirão na seda o toque 
Nos cabelos seduzido não quedarei      

Não ao tremor no teu corpo desnudo
A minar a estrutura do meu ego
No teu suspiro não respirarei prazeres
Calo o meu grito ao teu ventre mudo

Não entregarei aos teus lábios úmidos 
Meu desejo voraz em saborear tua boca
Não saciarei na tua saliva o meu deserto 
Morrerei nas bordas frescas do teu oásis

Não alimentarei no sabor da pele
O gosto do sal que me alimentas
Nem o perfume morno que provocas 
No ardente percurso pelo teu corpo  

Não saberei dos anseios rosados
Em teu ventre o aflorar contente
O segredo febril do teu amante
Da pureza nem o degustar ardente 

Não me toques com a tua magia
Nem me seduza com teus sussurros    
Sou o avesso dos teus desejos insanos
És ainda o sonho desperto na poesia