quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Uma carta da ilusão



Jobim Sinfônico - Saudade do Brasil - Osesp


Fortaleça-me com teus desígnios
Não te fragilizes com meus fragmentos
Sou os versos que em ti recolho
Fazendo-me espanto no ruído das palmas

Se nos meus devaneios revejo o passado
Se me faço ponte que liga o nada à lugar nenhum

Sejas luz no meu labirinto
Mesmo nas frases soltas
Sejas como as luzes dos vagalumes
Nas minhas lembranças na penumbra da noite

Se me perco num anomimato andarilho
Se finco minhas raízes nas ventanias

Busco na terra a tua seiva elaborada
Nas folhas de alvura o revoar das aves
Tornar-me em ti a liberdade de voar
Num instante único de ser

Se me faço inexistente na distância
Se recluso no horizonte de ser culpado

Ensina-me teus versos da dor de amar
Nas canções que embalam teu coração
Ensina-me aos teus olhos refletir
Na invisível paisagem dos teus sonhos

Se me faço cair como gota da folha orvalhada
Se vaporizo e salgo do teor da lágrima

Sejas o inesquecível gesto que importa
A carícia na pele que me reveste
Nos lábios a palavra que principia
O mágico instante de unir as almas

Se me construo de ilusão em poucas linhas
Se frágil é o perdão na superfície da água

Debruças na poesia o teu jeito de ser
Nas entrelinhas os teus tesouros sagrados
Dadas mãos entrelaçadas à uma terra distante
Onde o vento presente nos tornará invisíveis

Se num facho refletido de tua intensidade
Se no amor de duas almas se tornarem luz

Numa carta em poucas linhas
Ensina-me a liberdade de ser poeta
Para ser livre em teu coração