sábado, 23 de janeiro de 2010

As horas envelhecidas


Sobre a mesa repousam os óculos
Com olhar fixo em minha direção
As lentes manchadas pelo amarelo
Não apenas pelo tempo passado
Ou a tinta desbotada sobre os pápeis
Aquém das muitas horas insones
Em que a vida seguiu seu curso
Inadvertidamente vazio de inspiração
Talvez seja o peso sobre os ombros
Por tantos anos de emoções
Fixo os olhos no horizonte
Numa contagem adversa das horas
Sem pavor se o passado é maior
Maior que o futuro a ser vivido
Das muitas horas repletas de sonhos
Algumas delas ainda continuam sonhando
Outras horas foram esquecidas
Importa as novas que nascerão
Preciosas em viver a cada segundo
Serão saboreadas como a um raro vinho
Das uvas frescas que foram colhidas
Ainda conservando o orvalho das manhãs
Nos dias passantes entre as estações
Estarei mais próximo do sonho eterno
Redescobrindo os segredos de outrora
Perolizadas entre as horas envelhecidas