quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Apenas um olhar


Mais uma vez o silêncio se fez presente.
Nesse breve momento pelo olhar nos encontramos.
Numa indesejada saudade dos corações palpitantes.
A voz do medo alertando pelos erros do passado.
Transformando as emoções em ressentimento.

Estamos descompassados de ilusão nos vitimando ao acaso.
Quando sublimamos essa paixão inacabada no mais puro vazio.
Um sentimento premauro coberto sob as folhas do outono.
Falemos francamente sem pressentir as mágoas futuras.

Se somos as vítimas desse desencontro passional.
Vivendo com as mãos trêmulas aprisionadas nos paradigmas.
Se resistiremos ao tempo vestidos com todas as regras.
Transparecendo calmaria quando vivemos em tempestade.

Quero saber se você abriria mão de todos os seus valores.
Se num mar revolto se arriscaria em naufragar.
E no sabor das vagas se entregaria sem ressalvas.
Sem todos os seus medos de estar em solidão.

Quero saber se você resistiria em mudar seu conteúdo.
Se insistiria em manter-se escondido nesse vazio de amor.
E no momento de chorar não se sentiria constrangido.
Sem receio de ferir-se em seus sentimentos mais nobres.

Quero saber se você se sentiria tão pequeno diante de si mesmo.
Se resistiria em olhar a vida por uma fresta o passado distante.
E nesse momento ficaria acabrunhado e escondido no anonimato.
Não se permitindo abrir nenhuma porta para sair dessa clausura.

Quero saber se a vida a cada dia mais lhe ensina a amar a si mesmo.
Se por essa insistência de cada dia você se esquece aos poucos.
E por um descuido de si mesmo consegue amar-se para amar ao outro.
Sem se importar em querer se redimir por querer amar e amar.

Quero saber se você se fortalece com seus sonhos e seus desejos.
Se as alturas não fazem o limite da sua grandeza sem medo de cair em si.
E seu corpo não se intimida com os seus fracassos e as suas frustrações.
Que idealizar seus sonhos é pensar com a essência do seu coração.

Quero saber se você é capaz de um gesto nobre perdoando-se a si mesmo.
Se percorreu todo o seu labirinto desvendando os seus segredos.
E a cada investida mal sucedida foi capaz de reconhecer-se culpado.
Que é mais doloroso dizer não a si mesmo ao assumir o próprio erro.

Quero saber se você reconhece que não existem vítimas ou culpados.
Se em todos os carentes que anseiam o amor só existe a cumplicidade.
E sem distinção estamos pactuados num jogo sem regras.
Não nos permitindo o julgamento, só a perpétua sentença de ser feliz.

Quero saber se você insiste em esquecer para continuar lembrando eternamente
Se as nossas vidas estão opostamente em paralelas.
Nesse breve momento de corações palpitantes.
O horizonte no infinito supostamente fará um novo encontro.

Será intenso, um muito breve.
Apenas um olhar.

Um bilhete ao passado


Os teus passos
N'algum lugar
Tuas pegadas
Num rumo nenhum

São rastros seguidos
Aos passos teus
São teus olhos em espanto
Buscando lugares comuns

Ah! Sequência inseparável
Muitas foram as paisagens
O passado no tempo presente
O elo perdido no vento

Te persegues sozinha
São tuas as pegadas
Seguindo sem rumo
Teus passos adiante

A insana busca de si mesma
Um lugar comum no passado
As mesmas paisagens
O sentido fazia sentido

Era inverno em toda razão
Hibernando em retiro
Corpo e alma
Sonhos e emoção

Persegue-te avante
Pergunte ao teu coração
Se foram prévios os momentos

Tua sina
Tua morte
Teu bilhete
Tua palavra

São tuas as paisagens
Recria-as aos teus olhos
Aos passos que te seguem
Um futuro momento em aguardo

Teu presente é só teu
Delegas a si mesma
Pelo amor futuro
Um bilhete para si mesma

Uma palavra apenas
Ao passado...
Adeus