quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Manoel Wenceslau Leite de Barros [Cuiabá, 19 de dezembro de 1916 - Campo Grande, 13 de novembro de 2014]

Manoel de Barros foi um poeta brasileiro do século XX, pertencente, cronologicamente à Geração de 45, mas formalmente ao pós- Modernismo brasileiro, se situando mais próximo das vanguardas europeias do início do século e da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia de Oswald de Andrade. Recebeu vários prêmios literários, entre eles, dois Prêmios Jabutis. É o mais aclamado poeta brasileiro da contemporaneidade nos meios literários. Enquanto ainda escrevia, Carlos Drummond de Andrade recusou o epíteto de maior poeta vivo do Brasil em favor de Manoel de Barros . Sua obra mais conhecida é o "Livro sobre Nada" de 1996.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manoel_de_Barros

"Não existe a morte para alguém como Manoel de Barros. Não cabe bem, até por sinal de respeito. O poeta nunca gostou que colocassem data na existência. Então, o dia é de mais uma daquelas inutilezas que a vida inventa e que ele por tantas vezes substantivou."
http://www.campograndenews.com.br/lado-b/artes-23-08-2011-08/o-coracao-de-manoel-de-barros-parou-depois-de-meses-sem-vontade-de-viver


Um momento de amor que passa


Un Vestido Y Un Amor - Caetano Veloso [Compositor Fito Paez]Cello featuring Jaques Morelenbaum - Álbum completo Un caballero de fina Estampa Ano de lançamento: 1994
http://pt.wikipedia.org/wiki/Un_vestido_y_un_amor


A Pietà de Michelangelo é talvez a Pietà mais conhecida e uma das mais famosas esculturas feitas pelo artista. Representa Jesus morto nos braços da Virgem Maria.
Artista: Michelangelo Localização: Basílica de São Pedro Material: Mármore - Dimensões: 1,74 m x 1,95 m - Criação: 1498–1499 - Períodos: Renascença italiana, Renascimento  http://pt.wikipedia.org/wiki/Piet%C3%A0_(Michelangelo)

Um momento de amor que passa

Ah, essa noite dentro da noite
Saboreia a sede das horas infindas
Só restou uma lembrança, talvez um amor
Calou-se a boca à deriva na solidão

Dançam os fragmentos da alma
Flutuam na canção do silêncio
Os delírios sonhados, as memórias partidas
As línguas pátrias e os amores perdidos

Um grito cego atravessa a noite
As palavras ficam ocas e suspensas
Um coração no escuro perdido de amor
Compreendeu ser-lhe impossível morrer

Sob uma chuva de estrelas cadentes
Molda-se um corpo feito de barro
Há uma gota de sangue sob a pele
E a morte está tão perto de nós

Com a palidez misteriosa do mar
O ar rarefeito sufoca nas bocas
O lume infinito de um alvorecer
Foi um raio ou a ira de Deus?

Eleva-se um tom de murmúrio
Não há razão para que morras
Nos mitos das preces e dos sussurros
No sombrio amor em versos brancos

Da paisagem paira suave no ar
A nuvem de rios entre as montanhas
O amar define nos traços finais
As trágicas emoções de um rosto

Um graveto inflama o fogo divino
Liberta o calor no estado da alma
Do crepitar da madeira ao corpo
Conviverás com a dor e a angústia

Saberás do estonteante rodopio do vento
Da paz da inanição e da sede mal amada
Viverás em conluio na solitude do tempo
Dos pecados entre o repugnante e o atrativo

Não há promessas no conviver da dúvida
O brilho da lua realça um corpo alabastro
Não há promessas de um final feliz
Há um talvez, o momento de amor que passa

Só restaram um gelo, um amor e um talvez
Um gelo para derreter "on the rocks"
Um amor para lembrar ser esquecido
Um talvez de amor que passou despercebido