domingo, 2 de junho de 2013

Todas as poesias


Maria Rita - Tatuagem [chico buarque]

Despe o poema a tua roupa poética
Nas estrófes cantando as tuas curvas
Nas rimas plagiando os teus ais
Nos rubros lábios o sabor das uvas

Versos invejosos do brilho nos cabelos
São rabiolas negras balançando no ar
O encanto mágico das crianças
Teu sedutor encantamento de amar

Suaves traços na tua pele branca
Na transparente luz prateada da lua
Tuas mãos recolhem as estrelas
Sobre o teu colo, brincas, seminua

Pela branca renda descortinas
A tua sombra plena de mistérios
Frases entre as linhas do coração
Dos teus segredos mais sérios

Sedutoras fragâncias na pele
Inúteis palavras vem decifrá-la
Vão ao encontro das tuas mãos
O suave desejo de recitá-la

Estrófes se avolumam em rimas
Rimas pobres, frágeis, ambiciosas
Sobrevivem da inveja embelezada
Nas imaginárias fronteiras fantasiosas

Verbete algum definirá teu corpo
Enganosas coletâneas em teu louvor
Somente um singelo gesto teu
Quando no teu silêncio rimas o amor

Efemeridades


Maria Rita - Me Deixas Louca [Armando Manzanero]

Se a indiferença caminha no teu olhar
Na dança do vento que abre a cortina de chuva
Das copas das árvores, o verde colorindo as folhas
Da terra molhada o perfume à tua natureza

E mesmo assim...

Se a urbanidade faz a diferença no teu andar
O cheiro molhado se perde de terra e de verdades
O silêncio da noite se falseia dos gafanhotos
No brilho dos olhos não há pirilampos

O mesmo então...

Quando a areia corria por debaixo dos pés
A mão contrariando a corrente na beira do rio
Quando a primavera corria nas flores do campo
Era o tempo do corrupio da passarinhada

O mesmo fim...

Era um caminho velho que não sabe voltar
Perdeu-se nos falsos caminhos do mundo
O verde, o amarelo se avermelharam nos sinaleiros
O vento e a chuva, o sol erguem-se no vidro das janelas

O mesmo amor...

As árvores farfalham nas tintas da tela
Os verdes campos ventam nas aquarelas
O amor já não voa dourado na gaiola
De tão perfeito morre dos teus arranha-céus