domingo, 20 de dezembro de 2015

em cada não, um coração congela


Joyce & Mônica Salmaso - "Mistérios"[Joyce e Maurício Maestro]
Joyce "Ao Vivo. Show Dos 40 Anos Da Carrera" (2008)

http://www.joycemoreno.com/  -   http://www.monicasalmaso.mus.br/
http://www.museuclubedaesquina.org.br/museu/depoimentos/mauricio-maestro/

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campo de refugiados - inverno 2015 - foto colhida na internet

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em cada não, um coração congela

faz da vida, o pesar de tudo,
do terror e a violência
do inverno mais penoso
o pesadelo da sobrevivência

as vidas, apesar do todo,
apesar de breves, são esperanças
em fuga, entre a fome e a exaustão
das mulheres, dos homens, das crianças

a morte, a pensar em tudo,
é mais justa, um bem comum
um credo, indolor em leito algum
o único pranto dos excluídos

nunca tão frio, no pesar da espera
a cada hora um coração congela
no olhar indiferente dos conformados
a inconcebível sina que desespera

os muros, no pesar das cercas,
abranda o temor dos insensíveis
tudo cerca, o olhar das tragédias
as faces da guerra são visíveis

o mundo, no pesar extremo
aos milhares de pedintes pelo medo
dão as milhares de fronteiras pelo ódio
do ódio aos urros e as farpas do demo

a guerra, no pensar dos fracos
são mil razões de eternidade
o prazer que assassina a paz
aos flagelados nunca a liberdade

o inverno, no pesar da criança
não congela a doçura que encanta
cobrem de neve o corpanzil que canta
se seriam amadas, no talvez é tarde

não sabem de ti, a pesar os pesares
do nunca, do talvez se as teria armado
do que não sabes do longo inverno
da longa distância do discriminado

é tarde, no pensar as razões da guerra
não é preciso a paz, que petrifica e gela
nunca uma guerra para os refugiados
que em cada não, um coração congela

de tão longe, alguns dias mais
segredando os sonhos
só alguns passos mais
para reconstruir a paz

[treinamos pessoas para a guerra, enquanto não as educamos para a paz.
 a ironia das guerras é para ridicularizar a paz]