quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Tempo do medo


Sobre o frio cristal transparente
Como o vento por entre os dedos
A mão do tempo, no presente,
Cria a imagem dos segredos

Ilusória idéia de juventude imortal
Onde as horas se somam infindas
Tornando o medo sobrenatural
Contando as relíquias escondidas

Estar só e rodeado pelo medo
Diante da morte nascido para a vida
Nascido para, tarde ou cedo,
Termos a eternidade concebida

Se morremos no amor a cada instante
A cada dúvida, na falta de beijos
Se nascemos no amor extravasante
Na dor incontida, sob todos os desejos

Nascer e morrer em cada verdade
Dos momentos transitórios, a essência
O medo efêmero que se desfaz
Na eternidade a consciência

Amar sem razão para amar
O amor em sua própria transcendência
Como as estrelas que não vemos,
Em própria resplandecência

Restarás eterno...

Suave anoitecer


Com o passar das horas do dia
A tarde morre aos poucos
Como a esperança que morria
Na noite taciturna dos loucos

As nuvens sobre as montanhas
Na escuridão ocultando as cores
Nebulosas e disformes obtinhas
Da mente lembranças e dissabores

Profundas recordações do passado
Como as raízes de um baobá
Não digas que o passado interdirá
Se no futuro nada há consumado

Eis as brancas páginas do presente
Como o branco muro nas ruas
Sem nada escrito transcendente
Como as fases da lua, continuam tuas

Ao lado teu fico calado
Silêncioso entre as palavras ditas
No mágico interlúdio imaculado
Anoitece sob as luzes eremitas