sábado, 8 de dezembro de 2012

O abraço ausente


川井郁子 Ikuko Kawai ヴォカリーズ Vocalise[嵐が丘.Live.Concert.Tour.2005]


De repente distraiu-se a lucidez
Os braços envolveram as tuas costas
Na pele dos ombros os lábios roçaram
Pelo pescoço afagaram sorrateiros

Entregando-se no perfume dos cabelos
Deslizando as mãos se aleitaram
Intencionadas na maciez dos seios
Buscaram nutrir na clareza do instinto  

Tuas pálpebras rendidas à escuridão  
No profundo poço dos teus desejos
Deslocou-se o movimento do ar
Na tua respiração descompassada

O arrepio percorreu o teu corpo
No coração um incontrolável batimento
Na insaciável sede de se somar
Dois corpos para se tornarem n'um

Saciando na água cristalina e fresca
Abrandar a secura mais louca e intensa
No tempo explícito o obsceno cortejo
Transbordando-a incontida no amar afoita

Derramar-se aos braços da entrega
Render-se ao mais infinito abandono
Puramente, com a mente, inteiramente
Confiante na queda livre das sensações

De repente, no quebrantar do condão
Abandonas o feitiço cessando a luz
Fragmentas os sonhos c'o a tez abatida
Despertando-se nos braços ausentes

Sei que sabes o quanto despertas
A tua realidade reclama, te clama
Não tenhas remorso se morro
Sabes que ambos morremos no sonho

E no insistente alento de esperança
Nem tudo é como o coração deseja
Mas, indubitavelmente, o amor será
O amor será como ele quer que seja


Mãos da terra


川井郁子 Ikuko Kawai - Cobalt Moon


Moldas a terra em curvas
Semeia as minhas vontades
Alimentas as minhas raízes
Sustenta-me de seiva e fortalece

Ensina-me a dobrar nas ventanias
Se reconhece na minha natureza
Da terra sou feito a cada grão de argila
Sou a terra que se transforma e humaniza

Mãos da terra se cavam
Cavam mãos que se "argilizam"
Na terra que me molda
Na terra que me fertiliza

Nela vivo e estou habitante
Sou de cada poro o sal da terra
Terra, materna natureza de tudo
D'onde germino e tudo germina

Recebes em seu colo materno
Cobres em meu leito de morte
Sois cova da reles nobreza humana
És onde finaliza o ciclo e termina

O ciclo perfeito do fim
Do principio de todos nós
A brevidade que a vida sopra
A vida num sopro de terra

D'onde me deito em repouso
Por vastos campos floridos
Paisagens infindas de milharal
Dos imensos castelos efêmeros

Minha impermanência perfeita
O tempo passa, passa menos tu
Na argila moldo o teu corpo de mulher
Acolhe-me, cobrindo-nos de terra

A palavra é você


川井郁子 -Ikuko Kawai - Adagio-Margarita Concerto


Palavra de você
Você derivada no tempo
Perdendo as sílabas
Sem abrir mão da essência
Antônima do meu eu

Que tardo no frio como um agasalho
Indigestando-me das palavras
Que na ânsia de você suprimi
Por você redimi meus versos
Para torná-los ao teu tamanho

Palavra de você
Que não mudarias teu amor temporal
Mudando de vestes no mesmo verbete
Na minha língua que te fala

Na boca breve que te balbucia
Você que te reduzo ao termo
Teimo em não te esquecer
Por amor me reduzo como você