segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

No colher das palavras



Amor Em Paz   Quarteto Morelenbaum


De onde vens capturando a alma
Se as palavras que escorrem no corpo
Deslizando na pele dos teus suores
As frases desnudam os teus sabores?

O que te fazes cativamente amada
Se a cada descoberta o paladar do novo
No misterioso segredo dos teus amores
Somam as mil mulheres de todas as fragrâncias?

Onde moras no encontro da felicidade
Em tornar-te a mulher de única essência
Sussurradamente pela tua voz rouca
No enlouquecido entoar das tuas palavras?

Apontarias o caminho dos pássaros
Se sois chamas acendendo  nas entrelinhas
Na penumbra anoitecendo na mulher amada
Repousando extasiada no meu olhar que se cala?

Porque habitas em todos os meus sonhos
Tão nua diante da tua beleza deitada
Se respiro-te profundo com o olhar emudecido
Sendo o teu refém na vaga sensação de vida?

Como ardes como a saudade que semeias
Acendendo o fogo acordado de brilho
Te preciso para viver nas fagulhas dormentes
Para viver-te o amor que voa no vaivém do sono

No sonho da poesia



Morelenbaum, Sakamoto - As Praias Desertas


Anoitece a mulher que sonha
Nos dourados raios sobre os pelos
Repousa no arrepio da pele
O suave afago por entre os cabelos

Abandonas na rósea face
Dos dias de espera
Dos minutos de mágoa
Na solidão amanhecida

Descaminhos no teu carinho
Num encontro de águas
Sou a palavra que não sacia
Na incompletude da sua sede

Vestindo as curvas no teu corpo
Onde meus olhos se perdem
Desenho nos teus lábios úmidos
O sonho das minhas palavras

Contorce a chama pelo vento
Na lentidão do tempo
Ardente pensamento do semear
A revelação de todos os desejos

A quietude sobre a cama
Tece versos indecentes
Reconfortando as almas
No suspirar eterno  do silêncio

As lágrimas vertendo o lamento
Em teu ventre dança a chama
Amordaça meus pobres planos
Na tua alma doce que acalenta

A flauta no ar do sopro
Na música  que sacia o fogo
No escuro que te procuro
Como a fresta por uma luz

Nas flores que se alimentam
Na doçura que te faz mel
Desenho o perfume do teu jardim
Na poesia o mágico instante