domingo, 26 de julho de 2009

Sonetos no papel - duas vidas


São pálidas alvuras.
Sobre a mesa pairam imóveis.
Silenciosamente nuas.
Apaixonadas e tuas.
Nenhuma ranhura.
Vazias em plenitude.
Rasuráveis brancuras.
Flagelos sem cores,
Que o vento acaricia.
Nuas, despidas, despojadas.
Peles, cascas, superfícies.
Infinitas linhas do imaginário.
Retilíneos frascos de papéis.
Essências, fragrâncias.
Inodoros, profundos.
Amores, dores, saudades.
Linhas de ausências.
Sul, leste, oeste, norte.
Vidas, mortes, sorte.
Dissabores, amores, contradições.
Paralelas, cruzadas, circulares, infinitas.
Verso, reverso, face oculta.
Submundos, subterfúgios, periferias.
Retilíneas, ondulares, disformes.
Orvalhos, chuvas, ventanias.
Melodramas, suspenses, alquimias.
Estradas, ressentimentos, filosofias.
Folhas brancas, duas vidas.
Dois amores.
Sonetos no papel.

Um dia o amor



Um dia
Entre tantos ...
Entre si os olhares.
Nas dúvidas Divagando.
Nas reações mudas.
A indecisão entre os corpos.
A pele molhada ...
Corações aquecidos pelo sol.
Entre o sol, os nossos corpos e uma chuva.
Carícias clamando, emitindo sinais.
Atentos Olhos de brilho inquieto.
Alertando os rumores, os tremores
Incontidos desejos de amar.

Um grão de areia

O olhar quedou oblíquo
A êsmo os pés caminham
São as mesmas calçadas
Pela mesma areia
Insensíveis carícias das ondas
O toque suave da brisa
Não há no horizonte o azul
Mesclando ton sur ton
O mar azulado de céu
O céu azulado de mar
O mudo quebra-mar já não ensurdece
Nas ondas o som sobre o som
Deslizando sobre a areia
Apagando todos os rastros
Somente finda uma história
São as gaivotas festeiras
Um grão de areia
O cisco no olho
O olhar mareado
Essa maresia