segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O beijo da fruta vermelha



Bau Raquel Cape Verdean Melancholy  - Born on the Cape Verdean island of Sao Vicente, Rufino Almeida (aka Bau, which is the Portuguese word for box) was raised by a professional luthier who taught him both to build and to play the guitar, the violin, and an indigenous four-stringed instrument called the cavaquinho, all of which he mastered at a young age. During his tenure as musical director for singer Cesaria Evora in the 1990s, Almeida found time to record several albums of his own, highlights of which are compiled on Cape Verdean Melancholy for the U.S. market to coincide with the release of the Pedro Almodovar film Talk to Her (which features the album's lead track, "Raquel," in its soundtrack).


Quando abres a manhã
Na janela do teu quarto
O dia nasce na tua luz tão mansa
As flores te olham do jardim
Até que as tuas vestes caiam

Na pele da tua nudez aflorada
Ao reconhecê-la do mesmo caule
Se do mesmo pólen te principias
As águas deságuam dos peixes
E criam as correntezas dos rios

As folhas agitam o tempo do medo
Das mãos da criança esquecida
O dia envelhecido feito brinquedo
No vestido da boneca descolorido
Na prateleira emudecida de lembranças

Do alto das copas das árvores
D'outros sonhos a mulher desperta
Flui secreta a tua intimidade
Na beleza misteriosa do teu mundo
Para o segredo dos oceanos

Na polpa macia dos lábios
No beijo da fruta vermelha
Semeia a natureza do mesmo encanto
Degusta na saliva o único desejo
No sabor doce de um beijo

Ao longe os suspiros desmaiam
Nos olhares passantes dos distraídos
Nos ventos que cultivam no jardineiro
O espanto que sopra dos passarinhos
Pousando no corpo o desejo de ser mulher

[Sssssss... Morde Evinha! A maçã emagrece.]


sábado, 16 de novembro de 2013

Na dança das sombras [Butoh dance]


The Dance of Shadows (Hanami - Butoh dance)  
Este video mostra cenas do filme alemão "Cherry Blossoms - Hanami", um poema bonito e delicado sobre o luto.

No chão que me petrifico
No ar que me faço nuvens
Na montanha que me rarefaz
Na árvore em que me transplanto

Nos pássaros em que nasço o voo
Dos muros inertes, no olhar das ruas
Nas vidas que o mundo gira
Gira o mundo de todas as sombras  

Luz e sombra em perfeita geometria
Refletem o meu sentimento
No mesmo chão que germino
Transcendo em sombras de própria vida

Sombras sem gestos do tempo
Num compasso do sentimento
Na viva dança das sombras
Nasço de um amar crescente

Sombras de um infinito celeste
No movimento de todos os sóis
Transcendo do todo perene
Na sombra de todas as sombras

Mudos gestos de única voz
Bailado de sombras sem corpo
Rompe o limite da ausência
Na dança em único verso  
 
Nos passos que nos faz dança
Acima da vida e da morte
No lume se une as sombras
No enlevo espaço da alma

No silêncio do tempo
O efêmero anonimato
Nem sagrado, nem o profano  
Sou a alegria e sou o trágico

Abandono as minhas próprias guerras
Meus fantasmas de ódio e de dor
Desfaço-me da injustiça e das paixões
Sou apenas a minha sombra sem corpo

Danço nas sombras celestes
De todas as luzes eternas
Na sombra que existe em ti
Em mim a tua infinita sombra

Tem uma sombra dentro
Todo mundo tem
Tem em todo mundo
Uma sombra dentro de nós

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

A soberba e a inveja


Meu Bem Querer(Djavan] - Saulo Fernandes, Blick Bassy e Banda Eva
BlickBassy.com  Cameroonian Afro blue soul singer-songwriter ,Human Rights Activist,militant.
https://twitter.com/blickbassy

Se ser o melhor entre os piores lhe basta
Se acalentas essa razão envaidecido 
Lembre-se que entre os humanos tudo passa 
O tempo passa e morre de inveja do eterno


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Nas folhas do teu jardim


Autumn Leaves-Joseph Kosma [by Natalie Cole]

Da tua mão nasce o voo
Do pássaro que criastes
Voas nos sonhos intocável
A primavera do teu corpo

Absorvo na tua pele morna
A suave fragrância das flores
Sangra-me a dor na distância
Tempo agudo dos teus espinhos

O silêncio que me cala
No calor do leito que levantas
No teu amanhecer adormeço
Dos meus sonhos que despertas

No etéreo sangue que nos une
Enrubesce o desejo dos teus lábios
Na boca do mistério um chão de folhas
Um vestido caído sobre os pés

Afinidades do acaso das almas
No futuro das vidas passadas
Tornar-se oceano de dois corpos
Adjacentes amores que deságuam

Desvendando as palavras do corpo
Ser o peito que tua cabeça repousa
Os olhares que espiam as folhas
Na árvore que respiramos

Absorvendo na terra a água da chuva
O sabor doce e o desejo da fruta
No sublimar em mesmas raízes
O semear de um mesmo fruto