segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Falando no amor - Para você


Nas delicadas linhas do rosto o sorriso.
Ao longe respira esse olhar aéreo.
Sensualmente leve seu andar flutua.
Numa circunspecção pensante no ar.

 Seu coração distraidamente em riso.
Num sentimento delicadamente etéreo.
Ante ao amor transparecendo nua.
Espontaneamente doce de amar.

 Por tantos momentos no umbral a espreita.
Muitas das horas em companhia da lua.
Da inquietude das mãos anciosas.
Desejosa cantiga na escuridão ecoa.

 Desperta nos sonhos e das razões refeita.
Refez-se de amiga a amante cativamente sua.
Esperançou-se em luz das emoções receosas.
Indescritíveis poesias em sonhos delirantes voa.

Na transparente mutualidade dos desejos.
Do desejo de amar, a outra metade.
Da suave escuridão, as estrelas.
Dos braços do mar, a areia.
Das bocas, a outra metade do beijo.
Da sensibilidade das partes, a harmonia do todo.
Falando no amor verdadeiro.
A outra metade da verdade de amar.

domingo, 7 de outubro de 2012

Absoluta ausência


Daniel Piazzolla & Escalandrum - Romance del diablo - Bridgestone Music Festival 2010

O espanto escancarou as janelas
Pelas frestas o vento insiste
A dor sangra solitária pela casa
No ar apenas o perfume resiste

A toalha sob as flores murchas do vaso
O silêncio resmunga pelos cantos
Na gaveta os talheres mudos aguardam
Reclamam as mãos que inexistem aos prantos

Sobre a cama dos lençóis desfeitos
As marcas definem as outras chamas
Ausentes desejos que agora ferem
Os corpos ardentes que ora clamas

O óbvio espairece no esquecimento
Os sóis giravam nos olhos brilhantes
A paixão intempestiva de amar
No exato lapidar dos diamantes

Na tentativa evaíste ao tempo
A ternura transbordando carícias
À sombra dos teus ternos sorrisos
Misteriosos véus das minhas angústias

Acalentos gestos de promessas
No doce sabor das bocas
A velha canção nos ouvidos
Cálidas mãos das noites loucas

O olhar na extática aurora
Desnuda o que sangra o corte
À fatalidade do desassossego
A sina do adeus encontra a morte

Perdoas o amar de repente
Quieta deixas uma doce lembrança
Pairado no ar o teu perfume ausente
No adeus o mistério da tua esperança


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Absoluto amor



Wurttembergisches Kammerorchester Heilbronn - A Piazzolla - Las estaciones -Otono porteno
Violín Arabella Steinbacher

Quiserá amar-te
Como a marte fosse
Numa imensa sinfonia
Escalada num raio de sol

Quiserá umbrar-te
Como a um sagrado portal
Passar-me enfim por fim
Da paixão ao eterno paraíso

Quiserá sair-me
Das regiões sombrias
Como um dever sagrado
Assimilar a tua dor

Quiserá seguir-te
Girando a terra
Por noites de chuva
Por dias de frio ou calor

Quiserá beber-te
O sereno da soleira
Gotejado nas folhas
Cativas do teu jardim

Quiserá espalhar-me
Por regiões sombrias
Seguindo a tua luz
No transitório ser

Quiserá aportar-me
Levantar-me da umbreira
Por teu sofrer urbano
Enxugando-te o rosto

Quiserá olhar-te
A alma encimesmada
Das sensações subjetivas
Entregar-te o absoluto amor