terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Federico García Lorca


RAIN- Ryuichi Sakamoto é um músico compositor, produtor e ator japonês, baseado em Tóquio e Nova York.  http://sitesakamoto.com/  Official site for composer and musician Ryuichi Sakamoto.  http://pt.wikipedia.org/wiki/Ryuichi_Sakamoto

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Federico García Lorca 

LLUVIA  

La lluvia tiene un vago secreto de ternura,
algo de soñolencia resignada y amable,
una música humilde se despierta con ella
que hace vibrar el alma dormida del paisaje.

Es un besar azul que recibe la Tierra,
el mito primitivo que vuelve a realizarse.
El contacto ya frío de cielo y tierra viejos
con una mansedumbre de atardecer constante.

Es la aurora del fruto. La que nos trae las flores
y nos unge de espíritu santo de los mares.
La que derrama vida sobre las sementeras
y en el alma tristeza de lo que no se sabe.

La nostalgia terrible de una vida perdida,
el fatal sentimiento de haber nacido tarde,
o la ilusión inquieta de un mañana imposible
con la inquietud cercana del color de la carne.

El amor se despierta en el gris de su ritmo,
nuestro cielo interior tiene un triunfo de sangre,
pero nuestro optimismo se convierte en tristeza
al contemplar las gotas muertas en los cristales.

Y son las gotas: ojos de infinito que miran
al infinito blanco que les sirvió de madre.

Cada gota de lluvia tiembla en el cristal turbio
y le dejan divinas heridas de diamante.
Son poetas del agua que han visto y que meditan
lo que la muchedumbre de los ríos no sabe.

¡Oh lluvia silenciosa, sin tormentas ni vientos,
lluvia mansa y serena de esquila y luz suave,
lluvia buena y pacifica que eres la verdadera,
la que llorosa y triste sobre las cosas caes!

¡Oh lluvia franciscana que llevas a tus gotas
almas de fuentes claras y humildes manantiales!
Cuando sobre los campos desciendes lentamente
las rosas de mi pecho con tus sonidos abres.

El canto primitivo que dices al silencio
y la historia sonora que cuentas al ramaje
los comenta llorando mi corazón desierto
en un negro y profundo pentagrama sin clave.

Mi alma tiene tristeza de la lluvia serena,
tristeza resignada de cosa irrealizable,
tengo en el horizonte un lucero encendido
y el corazón me impide que corra a contemplarte.

¡Oh lluvia silenciosa que los árboles aman
y eres sobre el piano dulzura emocionante;
das al alma las mismas nieblas y resonancias
que pones en el alma dormida del paisaje!


[Federico García Lorca- 05.6.1898 Fuente Vaqueros - 19.8.1936 Alfacar-Espanha]
Foi um poeta e dramaturgo espanhol e uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola.
Nascido numa pequena localidade da Andaluzia, García Lorca ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914, e cinco anos depois transferiu-se para Madrid, onde fez amizade com artistas como Luis Buñuel e Salvador Dali e publicou seus primeiros poemas.
Grande parte dos seus primeiros trabalhos baseia-se em temas relativos à Andaluzia (Impressões e Paisagens, 1918), à música e ao folclore regionais (Poemas do Canto Fundo, 1921-1922) e aos ciganos (Romancero Gitano, 1928).
Concluído o curso, foi para os Estados Unidos e para Cuba, período de seus poemas surrealistas, manifestando seu desprezo pelo modus vivendi estadunidense. Expressou seu horror com a brutalidade da civilização mecanizada nas chocantes imagens do Poeta em Nova Iorque, publicado em 1940. Voltando à Espanha, criou um grupo de teatro chamado La Barraca. 
Foi ainda um excelente pintor, compositor precoce e pianista. Sua música se reflete no ritmo e sonoridade de sua obra poética. Como dramaturgo, Lorca fez incursões no drama histórico e na farsa antes de obter sucesso com a tragédia. As três tragédias rurais passadas na Andaluzia, Bodas de Sangue (1933), Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936) asseguraram sua posição como grande dramaturgo.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Federico_Garc%C3%ADa_Lorca

domingo, 14 de dezembro de 2014

INSTITUTO HILDA HILST - Centro de Estudos Casa do Sol

HILDA HILST  1930 - 2004
http://www.hildahilst.com.br/

PORTAL CULTURAL HILDA HILST - Centro de Estudos Casa do Sol
http://www.hildahilst.com.br.cpweb0022.servidorwebfacil.com/

INSTITUTO HILDA HILST - Centro de Estudos Casa do Sol
http://www.hildahilst.com.br/site/

TEATRO DO INSTITUTO HILDA HILST
http://www.hildahilst.com.br/teatrohh/

Loja: Impressos, Livros e Afins
http://www.obscenalucidez.com.br/

“Deus pode ser uma negra noite escura, mas também um flambante sorvete de cerejas” 
Frase de Hilda, dita ao escritor Caio Fernando Abreu.

Paulistana de Jaú, nascida no dia 21 de abril de 1930 e falecida a 4 de fevereiro de 2004, Hilda Hilst é reconhecida, quase pela unanimidade da crítica brasileira, como uma das nossas principais autoras, sendo consideradas uma das mais importantes vozes da Língua Portuguesa do século XX. Segundo o crítico Anatol Rosenfeld, “Hilda pertence ao raro grupo de artistas que conseguiu qualidade excepcional em todos os gêneros literários que se propôs - poesia, teatro e ficção”

O Poeta Inventa Viagem, Retorno e Morre de Saudade  

Se for possível, manda-me dizer:
- É lua cheia. A casa está vazia -
Manda-me dizer, e o paraíso
Há de ficar mais perto, e mais recente
Me há de parecer teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
Tão longo como a noite. Se é verdade
Que sem mim só vês monotonia.
E se te lembras do brilho das marés
De alguns peixes rosados
Numas águas
E dos meus pés molhados, manda-me dizer:
- É lua nova -
E revestida de luz te volto a ver.

Hilda Hilst

(Júbilo Memória Noviciado da Paixão(1974) - O Poeta Inventa Viagem, Retorno e Morre de Saudade - I )
(Poesia: 1959 - 1979 - São Paulo: Quíron; [Brasília]: INL, 1980.)

http://www.angelfire.com/ri/casadosol/hhilst.html#poesia

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

A luz coloria o contorno de um rosto

Moça com livro, 1879 - Almeida Júnior[José Ferraz de Almeida Júnior - Itú SP 08.05.1850 - Piracicaba 13.11.1899] Museu de Arte de São Paulo, São Paulo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Almeida_J%C3%BAnior

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Sucedeu assim - Tom jobim

Instituto Antonio Carlos Jobim, em maio de 2001, não somente para preservar e tornar público o seu acervo, mas também para desenvolver projetos educativos sobre ecologia e artes em geral. http://portal.jobim.org/
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A luz coloria o contorno de um rosto

No rosto de um olhar intenso e claro
Teu corpo curvou-se ao peito
No silêncio só se ouve os pulsares
São os segredos de um coração

No pulsar terão todas as promessas
Seladas a luz com a tua ausência
Na respiração sufocada no beijo
Ao sabor da incontida lembrança

Quisera saber se as tuas mãos tremeram
Se no peito havia um coração disparado
Se por um tempo pude chamá-lo de meu
Antes do abraço de uma noite escura e fria

Ah! Pequena luz entre as palmas das mãos
Singela fonte de um calor e desejo
Se guardei da ação dos furiosos ventos
Foi numa chama por um dia de encontro

Talvez seja aquela flor presa ao cabelo
Ofuscada na luz dos longos fios dourados
Invejosa pelos teus lábios cor de rosa
Se nas folhas tivessem o verde dos olhos

Se um dia o seu coração foi meu
Como foi seu coração quem me escolheu
Se o amor acreditou em vidas separadas
De quê são feitos os mistérios do amor?

Talvez a vida seja um desencontro
A vida seja o amor guardado um no outro
Das horas entre os sentidos oscilantes
Um sonho, repousado no sono, se cale na dor

No anoitecer, quando as vozes se mesclam
A sabedoria da noite aflore das profundezas
Sem a única resposta que o amor aconteça
No amanhecer, tu talvez tenhas ido embora

A luz coloria o contorno de um rosto
De um olhar intenso e claro
Meu corpo curvou-se aos caminhos
No peito, o amor sabe que é saudade

http://www.luso-poemas.net/modules/news/index.php?uid=17088

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Ainda que as noites sejam longas


Vuelvo al Sur (En vivo)-Caetano Veloso [un tango de Piazzolla con letra de Fernando "Pino" Solanas] - Cello e arranjos: Jaques Morelenbaum. Extracto de su DVD - Un Caballero de Fina Estampa.
http://www.caetanoveloso.com.br/

A Escola de Atenas, pintada em 1511, afresco de Rafael Sanzio pintor renascentista na sala della Segnatura (sala da assinatura) do Vaticano. O apontar do dedo de Platão (427-347 a.C.) pormenor da Escola de Atenas.
http://mv.vatican.va/2_IT/pages/x-Pano/SDR/Visit_SDR_Main.html
Musei Vaticani
http://mv.vatican.va/2_IT/pages/MV_Home.html
WEB GALLERY OF ART
http://www.wga.hu/html_m/r/raphael/4stanze/1segnatu/index.html
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ainda que as noites sejam longas

quando o teu olhar pousa na boca
no contorno dos lábios se faz rosa
por mais que a respiração contenha
a flor da rosa se emudece no sorriso

quando se faz o brilho de esmeraldas  
na saudade o verde olhar nas montanhas
só há o teu céu nas tuas constelares íris 
são tão cristalinas as lágrimas dos pampas 

quando o sol descansa em luz dourada
nas carícias sobre os fios longos do cabelo
quisera o vento desvendasse o teu segredo 
de um coração em desespero apaixonado

quando as nuvens se escurecem de cinza
teu corpo se abraça na cortina de chuva
a primavera das flores lilás e amarelas 
molham no vestido a tez macia de um amor

quando as tuas noites não querem dormir
o quê fazer se os corações estremeceram?
os suspiros ficaram entrecortados e breves
talvez por um nome que lhe veio à mente

quando em teu coração suportas tudo calada
numa hipótese abstrata que era um sonho
mais que num desejo insaciável de viver 
no impossível viver sem acontecer o desejo

quando teu coração se fecha n' outro que abre
como se fecha a porta em meio a escuridão
o mundo para no silêncio do que poderia ser  
esqueces dos momentos no tempo da solidão 

quando se desfaz o temor na insensatez
teu sul se encontra ao sul de um amor
os sonhos que te encontram nas canções
hão de brilhar em teu olhar de imensa luz 

quando a noite for sedosa e quente
e suspiros profundos e entrecortados
seja por onde, serás sempre o inusitado 
serás a que tens visto a lua ultimamente

quando propuseres indagar-se nua 
se ainda sei que guardo o teu olhar
como sei das tuas noites sempre iguais
do amor, onde só a tua lembrança revive 

saberás de um céu a espreitar a noite  
n'algum lugar guardando o inesquecível 
na paixão dos teus segredos não vividos
no rosto o iluminar de um sol com pressa

ainda que as tuas noites sejam longas
sejas a longa espera como a minha  
ainda que todas as noites sejam uma  
és a única noite como o teu amar deseja 

http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=283407