sábado, 23 de fevereiro de 2013

No silêncio da chuva



IKUKO KAWAI-GREEN NOSTALGIA(Scarborough Fair/Green sleeves)


O sol deitou sobre a pele
Sulcando os caminhos do tempo
Repousando na face a desesperança
No desejo de chuva que te criastes

Venha a mulher que te fazes chuva
Sobre o leito de areia em aguaceiro

Das pedras quentes do chão
Moldei a tua estátua de sal
O doce beijo evaporado
Esquecido na última gota

Faz-se noite de chuva intensa
No sonho da alma purificada

Teu tempo traduz o silêncio
Dos olhares da terra seca
Dos anjos inúteis que sobrevoam
Sobre o branco dos cemitérios

No azul vestido de linho
Tuas curvas provocam as nuvens

No divino chão os estalos gritam
O som da terra rachada
Em retorcidos galhos secos
Mortos no miserável sempre

Os pássaros escondidos de chuva
No nublado jardim do aguaceiro

As nuvens acomodam trovões e raios
No alado tropel de mil cavalos
A noite se fará chuva no suspiro de agonia
Recomeçará no temporal o que sobrevive

Sem nordeste que nos fazem agreste
Violentos agrestes que nos tornam caatinga

Vestidas de chuva as mulheres cantarão
A voz da vida sobre todas as coisas
Tão grande o temporal cairá em chuva
De tanta chuva irá doer a vida

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