quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O rio da vida


Como vertendo para a vida
As lágrimas do primeiro choro
Guardado no instante nascente
Represada no insípido berço

Minando na alvura do papel
Como um leito de areia fina
Nasce a mistura divina
Cristalina água pura

Dos cumes das montanhas
Com a pureza das pedras preciosas
Faz nascer a vida em suas bordas
Vindo ao mundo empelicado para a morte

Vislumbrando o início das corredeiras
Murmurando canções entre as pedras
Assiste o verde por entre a densa mata
O ciclo da vida que nela se faz cúmplice

Ao encontro de outras vertentes
Unindo-se em outras deságuas
São pés de amoras, borboletas e pássaros
Em sinfonia ao som em natureza

Em vertiginoso desafio aos obstáculos
Erosando as margens sobre as pedras
Abre-se o véu em cachoeiras
Cristais em gotas coloridas de arco-íris

Sob o sol que evapora suas preces
Segue pelos vales e planícies
Irrigando as terras, as plantações
Saciando a sede dos animais

Abranda as aves nos raios de sol
Envolvendo os peixes colorindo o leito
Segue como rio curioso beirando as cidades
Recebendo o veneno daqueles que a sede sacia

Ressentes em teu leito de agonia
Densamente margeando as encostas
Lembras como o perfume era inodoro
Tão ingenuamente conduzindo a vida

O mar já não te auxilia em vida
Apenas o acolhe nos braços de areia
Como um filho morto pela avareza
Morrendo de tanta humanizada ignorância

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