Despe o poema a sua roupa poética
Nas estrófes cantando as suas curvas
Nas rimas plageando os seus ais
Rubros lábios do sabor das uvas
Versos invejosos no brilho dos cabelos
São rabiolas negras balançando no ar
O encanto mágico das crianças
O sedutor encantamento de amar
Suaves traços na sua pele branca
Na transparente luz prateada a lua
Tuas mãos recolhem as estrelas
Sobre teu colo, brincas, seminua
Pela branca renda descortina
A tua sombra de mistérios
Frases entre as linhas do coração
Dos teus segredos mais sérios
Sedutoras fragâncias da pele
Inúteis palavras vem decifrá-la
Vão ao encontro das mãos
O suave desejo de recitá-la
Estrófes se avolumam em rimas
Rimas pobres, frágeis, ambiciosas
Sobreviventes da angústia embelezada
Imaginárias fronteiras fantasiosas
Verbete algum definirá teu corpo
Enganosas coletânias em louvor
Somente um gesto teu singelo
Quando no teu silêncio doas o amor