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"Nunca é tarde...
Ou cedo para amar-te.
Ou tarde para ter-te.
Nessa brevidade da vida.
Levo um pouco de ti.
Deixo um pouco de mim.
Deste encontro,
Nunca mais seremos os mesmos.
Passamos por este tempo e espaço,
Entre a vida e a morte.
Amando-nos, fazendo arte."
aoshiro
Uma ausência sem desculpas mas, que merece presença. A presença de uma ausência consentida, ressentida. Uma ausência esculpida de vazio. Quebrando a continua presença da vida. Aquilo que, naturalmente, não se admite mas, se permite no final. Da eterna amizade fugidia, se esquivando das convenções. Mesmo que, integralmente, a culpa seja minha. Estar presente ao seu sorriso tímido e acusador. Essa ausência de palavras, das prosas, de versos. De bilhetes, dos dedos de prosa em conversa afora. Como se impedindo o outonal das tardes no outono. Tens razão, quando me culpas de não ser banal, de não ser cotidiano. De não ter saudades do corriqueiro, da mesmice dos mesmos dias. Cúmplices por essa saudade, saudades por sermos ausentes. Talvez seja até mesmo aquela saudade de nós mesmos. Das lembranças do que outrora fomos. Dos nossos anseios do que no presente somos. Do que seríamos em nossos sonhos em comum. Nessa dinâmica compartilhamos da saudade do ausente. O doce sabor da ausência de uma saudade carinhosa. O sabor da saudade com o teor da ausência. Com a sua falta vestes a sua presença. De um tempo agora sem tempo. Por todos os momentos que existimos juntos. Quando ríamos de tudo e chorávamos por nada. Dos muitos momentos, do ombro ao ombro, solidários. Quando ríamos por nada e chorávamos por tudo. Da ilusão os nossos olhares maravilhados. Pelo fascínio de ter vivido a ilusão de cada instante. Essa saudade que a cada momento insisto em reviver. Como num suplício impedimento do cair das folhas. Nessa querença desmedida de transpor-se ao tempo. Quando o vazio é maior que o silêncio das palavras Quando na ausência não te encontro e tropeço no nada. Qualquer hora escrevo, descrevo essa saudade de você. Num momento em que a saudade estiver ausente. Te deixarei de presente uma poesia distraída.
Defronte aos olhos o mar extasiante Tu és perfeita em harmônica natureza "Quem pode ser infeliz diante de tanta beleza?" Cruel distância que nos destina a ausência
Aos olhos meus que a tua imagem não alcança Morna e mansa a tua brisa canta e não perfumas As paisagens com teu semblante mesclado Sorrindo a esperança de um amor divino
Teus versos clamam entre os sons Das gaivotas festeiras ao ciclo das ondas Ao sopro magestoso do vento Flutuas como uma canção pelo ar
Vais em vida como numa canção de amor A quatro mãos compomos em harmonia Esta tua felicidade sinfônica reverencio Com esta ode a senhora dos meus sonhos A musa dos meus versos de amor
"Canção de amor"
São eternos seus momentos São mágicos teus gestos Das teclas, o branco e preto Brando encanto nas oitavas
Silenciosamente pausas Desejosos de harmonia Nessa canção me perderia Na musicalidade do teu corpo
Meu coração fica a mercê Nas vibrações das cordas Tatuo em minh'alma tuas clavas Pedindo asilo em teu sentimento
Pelo teu amor divino Sou teu anjo torto Entrego o meu corpo Meu par de asas
Em espírito murmuro a prece Pelas mãos que fazem sonhos Teu rosto em riso que aparece Anunciando em versos meu destino
Adeus! É o tempo... Cedo para amar-te. Tarde para ter-te. Nessa brevidade da vida. Levo um pouco de ti. Deixo um pouco de mim. Deste desencontro, Nunca mais seremos os mesmos. Passamos por este intervalo Entre a vida e a morte. Amando-nos, fazendo arte.
Um dia Entre tantos... Entre si os olhares. Divagando nas dúvidas. Nas mudas reações. A indecisão entre os corpos. A pele molhada... Corações aquecidos pelo sol. Entre o sol, os nossos corpos e a chuva. Clamando carícias, emitindo sinais. Atentos olhos de brilho inquieto. Alertando os rumores, os tremores Incontidos desejos de amar.
O olhar quedou oblíquo A êsmo os pés caminham São as mesmas calçadas Pela mesma areia Insensíveis carícias das ondas O toque suave da brisa Não há no horizonte o azul Mesclando ton sur ton O mar azulado de céu O céu azulado de mar O mudo quebra-mar já não ensurdece Nas ondas o som sobre o som Deslizando sobre a areia Apagando todos os rastros Somente finda uma história São as gaivotas festeiras Um grão de areia O cisco no olho O olhar mareado Essa maresia
Astro rei em tua grandeza Dourado manto te acalentas Na maciez da pele te aquece Refletindo nos longos cabelos O sedoso cintilar o teu brilho
Na umidade que se faz nos poros Transpiras o teu perfume na brisa Moldurando os sonhos e meus desejos Nas suaves curvas bronzeadas A tua delicada carmurça de orquídea
Sou cativo do teu olhar afetuoso Nos rosados lábios rendendo-me inteiro Em teu sorriso a ternura de amar Teu jeito feminino de ser primavera E nos verões se desnudar em flores
Percorro todas as tuas tristezas Em cada momento dividir teu pranto Sem buscar todas as respostas Nem querer saber se vale a pena Lado a lado, a vida com novas perguntas
Alçando vôo numa viagem da vida Ouvindo os corações em silêncio Na tênue linha entre a razão e o amor Na mesma direção dos olhos nos olhos No caminho da luz em nós mesmos
Quando acordo pelas manhãs O sol admirando teu corpo moreno Vejo em teu leito a luz da janela Teu suave repouso no branco da nuvem
Olho teus longos cabelos negros Reluzindo em curvas delineando o rosto Como posso tanto amor, tanto querer? Se nem sorriu, se nem olhou para mim
Tantas palavras tuas escritas no ar Dizem das mágoas que vivem em teu coração Falam de teus amores, sonhos e canções Tristes histórias que não tiveram fim
Traduzem as mágoas na tua descrença Percorrendo os labirintos do desamor São as juras de amor no coração ferido Sussurando preces benditas a alma
Como posso te dar a minha crença? Desejando o milagre da felicidade Te presenteando com a via láctea Lembrar-te das coisas belas que há em ti
Entrego a minha paz de todos os dias Das minhas preces o pedido de ser feliz De todos os meus sonhos o teu acontecer Quero te fazer amar e tenho de ti só a presença
Caminhemos não importa para onde, Estaremos juntos simplesmente, Pela via onde nossos corações celebrem a paz. Mergulharemos no nosso mais íntimo desejo Em busca da dor em si mesma. Encaremos friamente nosso medo De termos tudo para não sermos nada. Contemplei a vida com minha armadura polida. Com a lança em riste matei dragões. Construí os castelos da fantasia. Expandí as fronteiras das possessões. Cavalguei pela ponte entre os sonhos e as ilusões. Vaidoso acumulei a riqueza para o ter. Hoje sou prisioneiro dos meus escudos. Olho firmemente para dentro dos meus olhos. Nenhum pigmento me fará rubro a palidez da anima. A solidão conspirou no curso da minha existência. De desamor caí em espiral para dentro do meu infinito. Caí da torre do orgulho partindo-me em pedaços. De onde, soberanamente, abraçava o mundo. Vem comigo para que eu possa te mostrar a solidão. Caminhe comigo com os pés descalços sobre a terra. Pegue a minha mão trêmula e abrace a minha alma frígida. Nada lhe será temeroso, se meu coração só existe no anonimato. Vem mostrar-me o caminho que busco para dar-lhe um nome. Não importa quantas pedras no caminho terei que pisar. Saberei que nessa direção não sentirei ainda mais a dor. Vem ao meu lado, ensina-me as canções para sonhar E eu as cantarei para seus pés dançarem. Vem, ensina-me a dançar as canções do seu coração E dançarei embalando seus sonhos e devaneios. Vem, abre o seu coração e escreva uma poesia que fale de amor. Mostre-me o medo dos nossos limites e os erros do futuro. Vem, soltando a sua voz branda recitando a sua poesia E a cada estrófe que nela contenha o perfume de cada flor. E eu me sentirei inebriado com os aromas a cada verso declamado. E quando a brisa trouxer sua essência e tocar meu coração. Saberei que és única como a camurça da pétala que te reveste. Quão doce e úmida é o desabrochar de uma flor madura. Vem, toque meu corpo e ensina-me à alquimia dos magos. E dessa química de suores destilaremos a pureza de amar. Encontrar-te-ei nas entre linhas dos teus versos. Com o brilho do sol refletindo o seu semblante. A sua inspiração me fará seguir avante com seu olhar esperançoso. E em sua companhia saberei chorar todas as lágrimas contidas. Dá-me a sua mão e ensina-me a voar e voar até às alturas. Quando na altitude de cruzeiro, mostra-me a liberdade para amar. Tocaremos as nuvens umidecendo nossas faces e nossas auras. Voaremos livres pelos corredores de vento em silêncio. E a cada mudança de atitude consciente, estarei caindo e caindo. E poderei repousar a minha cabeça em seu ombro solidário. Um cavaleiro sem batalhas, despojado de armadura e lança. Sem medo de curvar-se, rendendo-se ao toque singelo de um amor. Saberei ouvir que não sou hoje mais egoísta do que fui no passado. Que nessa empírica viajem a esperança semeou em campo fértil. Para colher a transformação de todo o universo de mim mesmo. Caminhemos não importa para onde. Estaremos juntos simplesmente. Pela via onde nossos corações celebrem o amor.