Chiara Civello _ Il mondo
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Imagem dos deuses gregos Apolo e Dionísio. Na ilustração as enfermidades da alma.
Não, não há mais tempo de não amais
Não há mais tempo a perder
Não há tempo para o mais sofrer
Hás de ser do aqui e do agora
Nessa busca que nos desenfreia
O prazer vaza-me entre os dedos
Como a areia do meu tempo
Pelo tempo ávido da imediatez
Precisamos tanto evitar essa dor
A minha dor precisa ser negada
É tão evidente esse sofrimento?
Onde buscarei as outras faces da fé
Se em minha face da dor desapareço?
Quiçá minha dor seja a dor do outro
De viver a punição das tuas culpas
Fugirei em ti na timidez e na vergonha
Na compulsão expressa do sofrimento
Meu caos é a banalização do mal
Sou a era da surpresa iminente
Aboli nas fronteiras do desalento
O desamor no interior intempestivo
Perdi-me do caminho da aceitação
No exterior alegre das figuras
Estou na medida da tua existência
Na angústia da modernidade
Esse medo que deforma o corpo
Tem a forma do feio, do magro
Do gordo impossível de ser aceito
Do medo do futuro e do insucesso
Esse irremediável medo do medo
O medo impossível de aceitar a paz
Dos descaminhos do aconchego
Abismam na depressão e na violência
No domínio inútil do tempo
Convivo no medo da liberdade
Na tirania na dor da infelicidade
No consumo do próprio consumo
A agonia entre o caos e o trauma
O eco surdo das almas vazias
O toque frio dos replicantes
Sangro, sangramos o amor se vai
Não, não há mais tempo de não amais
Não, não há mais tempo de não amais