sexta-feira, 16 de outubro de 2009
A chuva e a flor
No jardim do amor
A chuva sobre a flor
Cai como lágrimas
Gotejando sobre a dor
Nossos caminhos cruzados
Num breve encontro de mãos
Tantas palavras não ditas
Descritas nos gestos de adeus
Infinito momento de breu
Se guardando para qualquer dia
Um outro destino, outro acontecer
Distantes das paisagens inertes
Calam nos teus segredos
O amor e o ódio pelo avesso
Que na saudade principia
O solitário caminho do eu
Na ventania da paixão
Esse tão descuidado coração
Fechou os olhos da razão
Semeando no tempo a saudade
Agora de longe te assisto
Teu corpo banhado de sol
Todo esse amor te daria
Salvando minh'alma da agonia
Nesse jardim do amor
És a mais bela flor
A chuva cai entre lágrimas
Gotejando sobre a minha dor
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Poema Inacabado
Dos seus olhos ser o desejo
Da sua boca a infinidade dos beijos
Quisera meus lábios percorrer teu corpo
Em cada gosto ter o paladar do deuses
Seduzir-me com teus aromas
Ser teu Eros em tua perdição
Nesse desejo infindo
Ser teu poema inacabado
sábado, 10 de outubro de 2009
Meu coração
Quisera dar-te a dor de todos os meus ais
Todos os momentos de loucura e insensatez
As sensações do vento frio sobre a pele
Das buscas desgovernadas pelas noites
Quisera dar-te o vazio das noites insones
Do peito a solidão festiva de falsas emoções
Dos olhos a tua imagem disforme na neblina
Deixando-te transpassar como luz pelo corpo
Quisera dar-te todos os segredos nobres e pagãos
Um a um, desvendando teu nome lapidado em desejos
Enveredar-te nos campos insanos dos girassóis
Onde escrevo teu nome em vermelho sangue
Quisera dar-te a melhor das mentiras convincentes
Sabendo que em teu coração soarão como verdades
Apertando em minhas mãos a lâmina da falsidade
Felicitando-me, egoísticamente, por tamanha infelicidade
Quisera dar-te o meu coração, desfalecido e retalhado
Acostumado a pulsar doente pelos desejos platônicos
Deixá-lo em tuas mãos, recriá-lo em tua dimensão
Um coração vazio de segredos a espera do teu amor
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Imprescindível ( Mercedes Sosa )
O que pulsa no coração
Corre pelas veias
Transborda em lágrimas
Umedecendo a terra
A quatro mãos...
Celebrando o amor
Construindo a paz
Perpetuando a vida
Rumo a eternidade
Imprescindível...
A arte de viver
A vida com arte
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
A solidão
Se a noite nos incomoda com doces lembranças.
Farfalham os lençóis sussurrando aos nossos ouvidos.
Não nos incomodemos se nossos braços buscam o abraço ausente.
Se a imperceptível melancolia nos incomoda com a insônia.
Não relutemos em dar boas-vindas a quem de longe chega.
Sejamos sinceros e solidários a esta rejeitada amiga.
Com mãos afetuosas estendidas a acolheremos em descanso.
Tenhamos o melhor de nossos corações em oferenda.
Sejamos francos em compreendê-la com carinho.
Se fomos felizardos de um destino do amor comum .
Nós sabemos o que nos inspira toda essa nossa confiança.
O mais sincero entre nós dois a reconhece das desventuras.
Pois, ora sabemos, ninguém é mais solitária que a solidão.
Essa insensível dor hospitaleira persistente de vazio.
Levantaremos os nossos braços entrelaçados num brinde.
Isso é o que nós torna sábios e sóbrios em autoreclusão.
Embeberemos nossas mágoas no alto teor das lágrimas.
Comemorando no silêncio o incontido desejo ser feliz.
E nesses momentos solitários lapidaremos as melhores palavras.
As que possam revelar todas as emoções transitórias do pensamento.
Sombreando nossos olhos no tempo de muitas páginas e ricas estórias.
Nem os papéis em branco faltarão em homenagem para um lindo poema.
Nesse único momento de criação, uma linda canção embalará o seu coração.
Deixando em devaneios as suas emoções transbordarem nas aventuras.
Nessa corajosa busca inconsequente da transparente e necessária solitude.
Com o coração em penitência, sua mão será o guia das doces orações.
Frase a frase, mesclando melancolia e mágoas em suas estrófes.
Serão como as súplicas de um reincidente aprendiz no amor.
Edificando com preces divinas o nosso mágico templo de contos e versos .
Consagrando aos céus a justa recompensa da necessária solidão.
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
As imagens
No instante em que nos vemos.
Somos os espelhos de nós mesmos.
Traduzimos nos olhares reluzentes.
Na mesma frequência do que somos.
No instante em que nos vemos.
Somos dois nos espelhos opostos.
Perdidamente desejosos.
Do infinito labirinto de nós mesmos.
No instante em que nos vemos.
Nos tocamos em carícias no reflexo.
Num desejo mútuo instantâneo.
De nos termos e nos amarmos.
No instante em que nos vemos.
Somos pares cada qual em seu espelho.
Infinitamente amor ou ódio.
Seremos as eternas imagens.
No instante em que nos vemos.
Seguiremos nossas vidas em paralelo.
Com a intensidade do medo que nos distancia
E a luminosidade do amor que nos faz elo.
No instante em que nos vemos.
As mudanças do tempo nos farão sensíveis.
A cada ângulo morremos um pouco.
Paralelamente viveremos ao infinito.
No instante em que nos vemos.
Somos transparentes um ao outro.
Imagens e semelhanças dos pares
Viveremos fugitivos da escuridão.
No instante em que nos vemos.
Inseguramente saberemos
Que somente existiremos
Sob as luzes de nós mesmos.