domingo, 7 de fevereiro de 2010
Para depois da chuva
Por fim surgiram as estrelas
Como fagulhas no breu
Brilhantes, cintilantes
Faiscantes brilhantes no céu
Muitas foram as noites de chuva
Chovendo a chuva pela noite afora
Extrapolando o limite da sede
Ultrapassando o nascer da aurora
Em plena noite tão nítida surge
Tão timidamente o nascer da lua
Resistente como se envergonhada
Dos olhos inchados de chover a chuva
Ou terá sido o suor do teu corpo
Encharcando o lençol da cama
Ou terás sido tal qual a lua
Chovestes por noites sobre a fronha
Tu e a lua resistem perante as estrelas
Uma troca de olhares constrangidas
Como num gesto tão humanamente simples
Olhar nos teus olhos diante do espelho
Tu e a lua diante das estrelas
Numa troca de olhares tão cúmplices
Sem um gesto divinamente simples
Inspiram tantos poetas depois da chuva
Se todas fossem Cecília
Teu pensamento fica no tempo
Renovando a cada sensação descrita
Como se fora hoje com todas as cores
Tua inspiração renasce como as flores
Aquelas que do teu jardim não foram colhidas
E em seus versos exalam o teu perfume
Trazes em tuas mãos a transparente alma
Aos muitos olhos que não vistes
Almas que não acreditam que tu existes
"Teu bom pensamento longinquo me emociona"
Torna-me menos ignorante de tudo que és
Mas resigno-me do todo que te eterniza
Teu ensinamento continuará pelo tempo
Entre as palavras escolhidas com maestria
Em cada descrição perfeita, humildemente, direi:
-"O vento do teu espírito soprou sobre a vida
E tudo que me era efêmero se desfez
E ficaste só tu, que és eterna..."
Teu canto existe a cada instante
E a tua poesia está completa
"Não és alegre, nem és triste",
Tu és eternamente poeta.
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