segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Simplicidade
Sou um poeta que não necessita de amores
A mim basta uma lua e algumas estrelas
Não serei o poeta de um mundo maldito
Onde mais se destrói e se desarmoniza
Serei sim o poeta de inspiração estelar
Assistindo o verde e o mar findando
Não sou um poeta de inspiração entristecida
Apenas observo os malditos acabarem com o mundo
Não serei o poeta caduco de um mundo acabado
A mim basta uma lua e algumas estrelas
Serei um poeta na simplicidade do que penso
O restante é efêmero e muita cumplicidade
Escuridão
A noite tem o brilho da lua
Solidariamente taciturnos
Os cães ladram nas ruas
Como se unidos pudessem
Amanhecer a noite em luz do dia
Afuguentando todas as sombras
Não se importando com o tempo
São as sombras do passado
Que obscurecem o presente
Continuamente como lembranças
Percorrendo as noites e os dias
Como a inversão plena da imagem
E no momento oportuno do destino
Agiganta-se sombriamente sobre a imagem
Deixando apenas o vazio sem sombras
domingo, 29 de novembro de 2009
O amor
Diante dos olhos dormes serena
Renascendo o amor dentro de mim
Despertas um coração pleno de ternura
Sobre o leito a senhora dos sonhos
Com encantamento te assisto
Teu corpo desabrochando em flores
São pétalas em luzes multicores
São os teus aromas e segredos
Te transformando em meu jardim
Com o olhar nos canteiros de flores
Meu descompassado coração
Percorre e mergulha, profundo e latente
Em teu mar bravio a tempestade
Sussurando os teus desejos
No silêncio do teu querer dizes tudo
Enquanto somas os pedaços de mim
Todos os teus medos e segredos
Desvendando o meu anoitecer
Que não me basto e te preciso
Te preciso para ouvir as estrelas
Te preciso para salvares de mim
Alcançar as minhas montanhas
Perder-me em longos abraços
Acordar sentindo saudade ti
Resgatar-te dos meus sonhos
Tornando-a em minha realidade
Reconhecê-la em todas as estações
Preciso encontrar-me no teu amor sem fim
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Tempo do medo
Sobre o frio cristal transparente
Como o vento por entre os dedos
A mão do tempo, no presente,
Cria a imagem dos segredos
Ilusória idéia de juventude imortal
Onde as horas se somam infindas
Tornando o medo sobrenatural
Contando as relíquias escondidas
Estar só e rodeado pelo medo
Diante da morte nascido para a vida
Nascido para, tarde ou cedo,
Termos a eternidade concebida
Se morremos no amor a cada instante
A cada dúvida, na falta de beijos
Se nascemos no amor extravasante
Na dor incontida, sob todos os desejos
Nascer e morrer em cada verdade
Dos momentos transitórios, a essência
O medo efêmero que se desfaz
Na eternidade a consciência
Amar sem razão para amar
O amor em sua própria transcendência
Como as estrelas que não vemos,
Em própria resplandecência
Restarás eterno...
Suave anoitecer
Com o passar das horas do dia
A tarde morre aos poucos
Como a esperança que morria
Na noite taciturna dos loucos
As nuvens sobre as montanhas
Na escuridão ocultando as cores
Nebulosas e disformes obtinhas
Da mente lembranças e dissabores
Profundas recordações do passado
Como as raízes de um baobá
Não digas que o passado interdirá
Se no futuro nada há consumado
Eis as brancas páginas do presente
Como o branco muro nas ruas
Sem nada escrito transcendente
Como as fases da lua, continuam tuas
Ao lado teu fico calado
Silêncioso entre as palavras ditas
No mágico interlúdio imaculado
Anoitece sob as luzes eremitas
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Na janela do tempo
Na luz tênue refletida
A saudade aérea e rarefeita
Consome um naco e tanto
De uma parte de mim
Apago a luz e não verei
Pior que a insistência do vazio
Sob o manto da escuridão
Qual indecifrável esquecimento
Ser a dor constante enfim
Acendo a luz e não sentirei
Os lábios confessarão o segredo
Que na musicalidade de um beijo
O coração descompassa o ritmo
Buscando a harmonia do desejo
Tapo os ouvidos e não escutarei
Almas se mesclam em energia
Plenas no silêncio das palavras
Muito além das carícias que enseja
O instante absoluto do momento
Paro no tempo e não calarei
Sem limite de esperança
Na ansiedade da espera
Pudera o firmamento
Dissimulasse de jasmim
Sob a luz divina e findarei
Passante pelos vários mundos
Desvendando todos os segredos
No tempo que os manifestar
No curso dos teus sagrados dias
Sei, até lá saberias, mas eu não mais existirei
Pelas palavras
As palavras que ontem voavam soltas
Sem sentido como a vida esguia
A vontade da alma quando o corpo seguia
Estas mesmas palavras aguçando o presente
Agrupando-se, declarando a tua falta,
impunemente...
Denunciam sem lógica distância o teu amor
N'algum lugar extremo, no vazio das minhas mãos
Rebeldes palavras num jogo de frases em nãos
Formando um sentimento de vida própria
Represando águas, refletindo a tua ausência
Numa superfície de sinônimos da minha imagem
Reescrevendo as gotas de chuva sobre a tez
Mesclando-as em lágrimas tais poesias e canções
Criando aos milhares os meus sonhos e fantasias
Trazendo a miragem dos teus olhos aos olhos meus
São tuas palavras que correm soltas pelo vento
Em ventanias elevando as folhas, a areia da praia
Formando as ondas na superfície das tuas pegadas
Um corpo moreno de sol em adjetivos plenos
Sob os guarda-sóis com o dia a pino
Palavras buscando palavras
Perdidas numa tardia praia deserta
Recolhendo palavras como conchas vazias
Criam vida, rebeldia e denunciam
Que o amor aconteça antes da morte
Aprisione-as antes que tardia em poesias
Antes que tarde seja como morrer de amor
Pois se morro em palavras, não te digo
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