sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Destratados das Tordesilhas


INSENSATEZ (Tom Jobim & Vinicius de Moraes) Pedro Aznar e cecilia echenique

Em majestosos versos em turba lírica
Faz das palavras os teus malabares
Do erudito para a pseudo-sapiência
Saciando a ira dos seus verbetes

Inculta e bela é a flor do lácio
Semi-nua de jóias raras e soberba inútil
Nos brocados não lhe fazem o brilho
Mas na simplicidade inata faz-se bela

Correntes feudais do imaginário
Esporões metálicos de sua nobreza
Nos amplos salões da supremacia
Com as mãos vestidas de cortesia

Do alto das torres contemplas o ego
Nos bailes de máscaras se faz pessoa
Na pobreza alheia se faz riqueza
Encontre a plebe ao saires pelos fundos

Tecem estratégias na escuridão
Planos de guerra e de possessão
Somam alianças com almas perdidas
Na iniquidade mediana da ignorância

Santa irmandade nos feixes filosóficos
Ranço feudal no contemporâneo
Sorvedores de energia dos vassalos
Buscam n'outros olhos igual preconceito

Não se sabem reinantes nesse castelo
São relés transeuntes entre os alicerces
São pobres mortais na própria realeza
Pelos salões e platéias são só passantes

Inculta dos berços romanos
Restará em sua magnitude
(Protetora materna dos humildes!)
Inculta e bela é a flor do lácio
Todo resto são passantes


Venho com salvas de despedida,
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Para tornar-me inteiro


川井郁子 Ikuko Kawai [嵐が丘.Live.Concert.Tour.2005] 4. The Way We Were 追忆

Oh!  Amores estáticos no vento
Na ilusória vida mundana
Esvais teu sangue em chafariz de flores
Gotejando sobre todos passantes

Se a sobrevivência me persegue
Feito um papiro afoito pela caneta
Preciso urgente da tinta envenenada
Para nesses versos me tornar peçonha

As repousei nas folhas
Deitadas nas entrelinhas
Mas para que tantas poesias
Se há tão poucos loucos?

Sábias estórias que não contei
Como as que encontrei no vento
Voavam soltas, sem nome
Sem corpo, sem destino

Se escrevo em meias palavras
Para tornar-me inteiro
Não sou metade, nem sou meio
Sou um veneno rarefeito

E nas palavras roucas de clamar
O bálsamo perdido de amar
Findou-se o bem e o mal
Restou-me a dúvida de ser

Esse imenso deserto de saudades
Recordações se movem feito dumas
Criando miragens de outros tempos
No horizonte dos meus sonhos

Como um sol marcando as horas
A mão nos ponteiros do tempo
Escrevo nas folhas o meu caos
Restar-me inteiro na eterna poesia

Dissabores do desencantamento


Heitor Villa-Lobos - Melodia Sentimental

Tropecei no encanto
Falei com o sapo:
-O que há de melhor em mim?
Disse-me ele com espanto:
-Tem muito mais sabor nos insetos
que na tragédia humana.
Depois que morro, todos os insetos me saboream
Digo então:
-Tens razão!
É que estou cansado de ser humano