sábado, 29 de novembro de 2014

A Linha e o Linho - Gilberto Gil - DVD BandaDois


A Linha e o Linho - Gilberto Gil - DVD BandaDois

http://www.gilbertogil.com.br/

É a sua vida que eu quero bordar na minha
Como se eu fosse o pano e você fosse a linha
E a agulha do real nas mãos da fantasia
Fosse bordando ponto a ponto nosso dia-a-dia
E fosse aparecendo aos poucos nosso amor
Os nossos sentimentos loucos, nosso amor
O zig-zag do tormento, as cores da alegria
A curva generosa da compreensão
Formando a pétala da rosa, da paixão
A sua vida o meu caminho, nosso amor
Você a linha e eu o linho, nosso amor
Nossa colcha de cama, nossa toalha de mesa
Reproduzidos no bordado
A casa, a estrada, a correnteza
O sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza

Gosto mesmo é de virar nuvem


Paula Morelenbaum & Jaques Morelenbaum - Serenata do Adeus - Heineken Concerts - 1995 [Baden Powell/Vinicius de Moraes]

http://www.paulamorelenbaum.com.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jaques_Morelenbaum
http://www.viniciusdemoraes.com.br/
http://www.badenpowell.com.br/
http://portal.jobim.org/

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Gosto mesmo é de virar nuvem

Estou sofrendo de crepúsculo de letra
Deve ser de segredo de caracol
Fico de espiral escrevendo de cetra
Sou feito de nariz de longo vento

Vivo tentando ser o gosto de saudade
Embaraço os teus cabelos de milho
As borboletas brilham de maioridade
Reclamam que os girassóis giram de chuva

Gosto mesmo é de virar nuvem
Escuto música da árvore de sanha
Deito de passarinho de adoçar frutas
Amarro o tempo de teia de aranha

Sou um prego de parede branca
O que segura a tua imagem de cera
Um rio de vidro passa cortando de bera
Atrás da tua lembrança de mil pedaços

Um colibri leva as asas de ver-te
Guarda o lume de uma esmeralda
Os gerânios transpiram de toda sede
Pela doce saliva que da sua boca verte

A morte se viu e cobriu-se de vida
Agora dorme-se no sono de garça
Seu corpo faz que brilha de meia lua
Da água o peixe olha e boia de farsa

Auroras entre as vespas não é tudo
A vida de boa ou má sorte afunda
O antes, durante e depois do ludo
Todo formigueiro lidará com a morte

Escuto música da árvore de manha
Deito de passarinho de adoçar frutas
Amarro o tempo de teia que assanha
Gosto mesmo é de virar nuvem 

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Manoel Wenceslau Leite de Barros [Cuiabá, 19 de dezembro de 1916 - Campo Grande, 13 de novembro de 2014]

Manoel de Barros foi um poeta brasileiro do século XX, pertencente, cronologicamente à Geração de 45, mas formalmente ao pós- Modernismo brasileiro, se situando mais próximo das vanguardas europeias do início do século e da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia de Oswald de Andrade. Recebeu vários prêmios literários, entre eles, dois Prêmios Jabutis. É o mais aclamado poeta brasileiro da contemporaneidade nos meios literários. Enquanto ainda escrevia, Carlos Drummond de Andrade recusou o epíteto de maior poeta vivo do Brasil em favor de Manoel de Barros . Sua obra mais conhecida é o "Livro sobre Nada" de 1996.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manoel_de_Barros

"Não existe a morte para alguém como Manoel de Barros. Não cabe bem, até por sinal de respeito. O poeta nunca gostou que colocassem data na existência. Então, o dia é de mais uma daquelas inutilezas que a vida inventa e que ele por tantas vezes substantivou."
http://www.campograndenews.com.br/lado-b/artes-23-08-2011-08/o-coracao-de-manoel-de-barros-parou-depois-de-meses-sem-vontade-de-viver


Um momento de amor que passa


Un Vestido Y Un Amor - Caetano Veloso [Compositor Fito Paez]Cello featuring Jaques Morelenbaum - Álbum completo Un caballero de fina Estampa Ano de lançamento: 1994
http://pt.wikipedia.org/wiki/Un_vestido_y_un_amor


A Pietà de Michelangelo é talvez a Pietà mais conhecida e uma das mais famosas esculturas feitas pelo artista. Representa Jesus morto nos braços da Virgem Maria.
Artista: Michelangelo Localização: Basílica de São Pedro Material: Mármore - Dimensões: 1,74 m x 1,95 m - Criação: 1498–1499 - Períodos: Renascença italiana, Renascimento  http://pt.wikipedia.org/wiki/Piet%C3%A0_(Michelangelo)

Um momento de amor que passa

Ah, essa noite dentro da noite
Saboreia a sede das horas infindas
Só restou uma lembrança, talvez um amor
Calou-se a boca à deriva na solidão

Dançam os fragmentos da alma
Flutuam na canção do silêncio
Os delírios sonhados, as memórias partidas
As línguas pátrias e os amores perdidos

Um grito cego atravessa a noite
As palavras ficam ocas e suspensas
Um coração no escuro perdido de amor
Compreendeu ser-lhe impossível morrer

Sob uma chuva de estrelas cadentes
Molda-se um corpo feito de barro
Há uma gota de sangue sob a pele
E a morte está tão perto de nós

Com a palidez misteriosa do mar
O ar rarefeito sufoca nas bocas
O lume infinito de um alvorecer
Foi um raio ou a ira de Deus?

Eleva-se um tom de murmúrio
Não há razão para que morras
Nos mitos das preces e dos sussurros
No sombrio amor em versos brancos

Da paisagem paira suave no ar
A nuvem de rios entre as montanhas
O amar define nos traços finais
As trágicas emoções de um rosto

Um graveto inflama o fogo divino
Liberta o calor no estado da alma
Do crepitar da madeira ao corpo
Conviverás com a dor e a angústia

Saberás do estonteante rodopio do vento
Da paz da inanição e da sede mal amada
Viverás em conluio na solitude do tempo
Dos pecados entre o repugnante e o atrativo

Não há promessas no conviver da dúvida
O brilho da lua realça um corpo alabastro
Não há promessas de um final feliz
Há um talvez, o momento de amor que passa

Só restaram um gelo, um amor e um talvez
Um gelo para derreter "on the rocks"
Um amor para lembrar ser esquecido
Um talvez de amor que passou despercebido