terça-feira, 15 de julho de 2014

Porque de repente, se fez paixão


Lenine- Vieste [Ivans Lins - Victor Martins]

Os minutos vão caindo das horas
Colho as curvas em teu corpo
Te recordo sobre o papel em branco
Tão presentes num continuo passado

São loucuras de uma terna saudade
A voz calada ainda em sussurros
Aos doces sabores da sua boca
A solidão me abraça com tua ausência

A esperança desenha no espelho
O aroma e o suor vertem da pele
Sou confesso, te amei ao ver-te
Beijei a paixão dos teus lábios

Sei que a dor de esquecer não perdoa
Como ser o sal sem os teus temperos?
Nas gotas que afloram da pele macia
Me perco onde a sua libido se esconde

Estremeço em sua imagem imóvel
O seu vestido desliza aos seus pés
Teu olhar ainda brilha nos arrepios
O rubro da tua face inda me aquece

Em suas veias só sei os caminhos de ida
Sobrevivente dos pulsares do teu coração
Dos olhos nos olhos no mágico instante
Se me acolhes ao ventre, o prazer é ser teu

O mundo para enquanto teu corpo remexe
Meu vício, nos olhos chorosos os teus desejos
Meu céu obsceno, amorosa em suas vontades
Em mim teimas o desabrochar do coração

No silêncio adormecido ao meu lado
Recolhi todos os segundos da emoção
Vieste em tênue esperança e me entreguei
É a paixão que vive na sua fotografia emoldurada

--Se o mundo caiu dos valores vazios, preciso viver com menos ilusões--


Com o mesmo brilho trêmulo nos lábios


Nem o sol, nem a lua, nem eu [com Maria Bethania e Lenine] por Lenine

A sua voz, qualquer coisa em súplica
Refina na dor a certeza de ser infeliz
O pecado se inocenta em desculpas
Das meias-noites no alvorecer das horas

Insaciável angústia nos devora as maçãs
Pudera ter do espelho o teu outro lado
Além da falsa impressão da felicidade
Te encontrar na origem da tua sombra

Não voltaria do teu rosto junto ao meu
Mesmo que em tua face pálida e bela
Teus olhos se percam no escuro do não
Das noites inteiras de meias-verdades

Dá-me o veneno da dor para ser feliz
Em troca, darei todas as minhas mentiras
Dá-me toda sua intensa angústia indolor
Em troca, viverei em tua metade ilusória

Serei o pagão entre o bem e o mal
O sufoco entre os que sofrem e amam
Aquele que te busca num corpo humano
Terás o mistério das minhas entranhas

Nos renasça de uma célula única
Do princípio dos laços futuros
Sem a dúvida dos amores eternos
A vida se faça renascer em ternuras

Nos dê o ser a cada dia um beijo novo
Sem a ansiedade de um outro amanhã
Com o mesmo brilho trêmulo nos lábios
O amor do futuro nos deixe amar em paz

--Por amor, entrelaçamos nossas meias-verdades e nos fizemos cromossomos--