sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Pelas palavras


As palavras que ontem voavam soltas
Sem sentido como a vida esguia
A vontade da alma quando o corpo seguia
Estas mesmas palavras aguçando o presente

Agrupando-se, declarando a tua falta,
impunemente...
Denunciam sem lógica distância o teu amor
N'algum lugar extremo, no vazio das minhas mãos
Rebeldes palavras num jogo de frases em nãos

Formando um sentimento de vida própria
Represando águas, refletindo a tua ausência
Numa superfície de sinônimos da minha imagem
Reescrevendo as gotas de chuva sobre a tez
Mesclando-as em lágrimas tais poesias e canções

Criando aos milhares os meus sonhos e fantasias
Trazendo a miragem dos teus olhos aos olhos meus
São tuas palavras que correm soltas pelo vento
Em ventanias elevando as folhas, a areia da praia
Formando as ondas na superfície das tuas pegadas

Um corpo moreno de sol em adjetivos plenos
Sob os guarda-sóis com o dia a pino
Palavras buscando palavras
Perdidas numa tardia praia deserta
Recolhendo palavras como conchas vazias

Criam vida, rebeldia e denunciam
Que o amor aconteça antes da morte
Aprisione-as antes que tardia em poesias
Antes que tarde seja como morrer de amor
Pois se morro em palavras, não te digo

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