Canto Triste [Edu Lobo e Sérgio Godinho]
Em lento espreguiçar das horas
Um vento despetalar outroras
O tramar-se em saltimbanco
No gramar-se em linho branco
Amanhece o dia entre os lençóis
A manhã cede para tantos sóis
Em travesseiros de alfazema
Entraves solitários em dilema
A amada passeia pelo quarto
Acalmada anseia em pranto
Pelos sentimentos loucos
Selos de momentos roucos
Por onde o amor se guarda?
Esconde em dor e aguarda?
Só um colhedor de sonho
Só, num clamor tristonho
Levas ao beiral do parapeito
Elevas juntas mãos ao peito
No olhar distante o horizonte
O amar dista a água em fonte
Radiante em plena esperança
Diante a demora se faz crença
Se esvoaça num beijo pela mão
Se há graça, se no peito há paixão
--Se viver de meias verdades, não viverás o amor inteiro--
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