Bau - Fruto Proíbido - Composer Amandio Cabral - Cabo verde
O outono não desperta as manhãs
Nem as árvores o vento nos ninhos
A preguiça noturna ainda canta
O sonho anoitecido dos passarinhos
Por vezes, a vida passa depressa
Num corredor abandonado
O silêncio em solidão desesperado
Ecoa em silêncio para tentar ouvir-se
Se venho colher das palavras
No amor que um dia me criastes
Do passado que enferruja o tempo
Nos relógios o dourado das lavras
Fiz do pranto o confidente leal
No teu colo fiel de me aconchegar
A vontade de reler velhas cartas
Num envelope a vontade de amar
O pássaro pousou nas palavras
Meu cansaço triste no arfar das asas
Da tua imagem que seduz meu corpo
O vazio do fruto ausente nas cascas
Morro num rio de águas noturnas
Murmurando o amor silencioso
Das margens o erosar angustioso
Na paixão contida de ser mar
Se me guardo o teu reflexo nas águas
Semeio contigo às lembranças renascido
Das flores sem o despetalar das mágoas
Na boca o sabor doce do fruto proibido
Nenhum comentário:
Postar um comentário