Memories of Green - Vangelis
Quando a noite pousa nos pássaros
No encantar das estrelas que vestes
Repousas nas tuas asas de leito
Num confronto ao trono dos deuses
O Olímpo de purgatório dos onipresentes
Na existência crua dos semideuses
Ao peito acolhes nos braços a noite
Sois o exílio dos laços maternos
Sobre o manto da solidão de todos
A nua existência sobre o travesseiro
Cedo ou tarde a sorte ou a morte
Num sonho à deriva que lhe vem à boca
Reacendes das cinzas o minuto de fogo
Nas palavras recolhidas do jogo
Do indecifrável mistério da vida
Resta-nos nada, resta-nos tudo
Resta-nos quase o que poderíamos ser
Sem antes morrer com a perfeição dos mortos
Pensamentos que tudo arrastam
Devastando as dunas e os oásis
Na quietude calada da fronha
As lágrimas absorvendo as dores
Pedaços de sonhos dispersos no ser
O que a vida observa e não responde
Sonhos da ânsia de presentes deleites
Reféns do delírio de outras lembranças
No desejado sabor doce de outros frutos
No passado intocado das copas das árvores
Não morrem do sonhar como destino
Os sonhos que sonhara sonhar em sonho
O silêncio teima em pulsar o coração
Na respiração lenta do vento
Acalentas nas mãos o tato descrente
Na presença de outro corpo que inventas
Intocada carência na carícia da alma
No diálogo silencioso da mulher que te fazes
Agora não és a mulher que adormece
De vastos oceanos e imensas vagas
Num inventar de sonolentas carícias
Apenas dormes no despertar da criança
Sobre o mudo criado os ponteiros observam
Na janela do sonho o amanhecer do novo dia