segunda-feira, 11 de outubro de 2010
O Abraço ausente
Sob um céu sem estrelas
Nas noites urbanas e ruas vazias
Indiferente aos ruídos indistintos
Um rosto procuro no anonimato
No tempo consagrando as horas
Tão longe, tão longe...
Imagino o som do quebra mar
Sentindo a passagem do vento
No ar o cheiro da salinidade
Pudera sentir teu rosto
Vê-la olhando para o céu
Procurando o brilho dos teus olhos
Quiçás encontrá-lo entre as estrelas
Realizando a alegria pelos sonhos
Não brilhas se dormes como deusa
Com as pálpebras cansadas pela espera
Com teu rosto despido do sorriso
Reluzindo os cabelos longos como a seda
Pelo semblante sereno em repouso
Sigo ao encontro de um par de mãos
No gesto mudo da mão o vazio
Na outra palma a saudade
No silêncio se entrelaçam na solidão
A razão desconhece os mistérios
Como tudo é tão bonito como a vida
Tanto amor de não querer findar
Poder viver por tamanha beleza
Mesmo morrendo nas entrelinhas
O Desejo de amar
Fecho os meus olhos para ver-te
A cada linha delineando teu corpo escrevo
Na suavidade dos contornos o meu insano desejo
Transcendendo teu físico nas múltiplas mulheres
Para cada mulher que em teu corpo existe
Fragmento minha essência, multiplico e dou crias
Vivendo a poesia em ti a cada mulher que ama
Brotando de um único tronco em variadas orquídeas
Fecho meus olhos num abraço amante
Corpo a corpo, coração no mesmo compasso
Sem palavras, promessas, a entrega somente
Mesclando as almas na mais pura das essências
Sou um náufrago refém em mar revolto na tua paixão
Mergulhando em teus abraços num caminho sem volta
Desejando-te mais que o sonho, um suspiro, uma madrugada
Ser o teu âmago e seu culpado, cúmplice e condenado (pelo amor)
O luar refletido na pele dos corpos difusos
As mãos desvendando nossos segredos
Teus aromas aflorando os desejos
Em cada sabor que doas o meu beijo
Derramarmos sobre a flor o orvalho da manhã
Saciar nossa sede de todos os desertos da solidão
Quando as forças cederem subornando o anseio
Na paz cúmplice dos amantes suplicando trégua
Estaremos em órbita admirando o planeta
Inexiste o Tempo, não há noite ou dia
Tua presença o único encontro e destino a ser vivido
Renascendo a todo instante o profundo desejo de recomeçar
Nos lábios que se beijam em perfeita alquimia
Sede e saliva, Amor e desejo, harmonia
Emerge das entranhas o nosso ensejo
De temperança na mistura entre almas
Deslizam pausadamente sobre a Tua pele úmida
Num beijo contínuo os lábios pelos teus contornos
Somos a intensa cumplicidade entre dois corpos
Temos o maior tesouro entre os Desejos.
O infinito desejo de amar.